- Home>
- Iniciativas>
- Projetos>
- EDA50>
- Escolas à Descoberta de Abril: um olhar da história
Escolas à Descoberta de Abril - projetos locais que promovem aprendizagens intergeracionais
O Conselho Nacional de Educação (CNE), em parceria com os Centros de Formação de Associações de Escolas Professor João Soares, Rómulo de Carvalho, CENFORES, CENFORMA, dos concelhos da Amadora e de Cascais realizou a 16 de novembro, em Lisboa, o terceiro encontro regional no âmbito do Projeto EDA 50 – Escolas à Descoberta de Abril.
O evento teve lugar no Auditório da Escola Secundária Camões e agregou, num ambiente de generosa partilha, de reflexão e celebração da memória de Abril, diversos membros de várias comunidades educativas e convidados, tendo contado, ainda, com a presença do Senhor Ministro da Educação na sessão de encerramento.
Antes da abertura do encontro teve lugar um momento musical protagonizado pelo Coro da Escola Secundária Camões que interpretou diversas canções de abril compostas e interpretadas por José (Zeca) Afonso.
Este encontro regional contou, na sessão de abertura, com a presença da Comissária Nacional para as Comemorações do Cinquentenário da Revolução do 25 de abril, Maria Inácia Razola.
O projeto EDA 50 cumpre uma agenda nacional e local e tem como propósitos associados a criação de oportunidades de descoberta dos sentidos e significados de liberdade e democracia através da construção de uma cronologia do impacto da Revolução de Abril, onde os envolvidos – alunos, professores e comunidades educativas-, têm a oportunidade única de dialogar e recolher informação relevante junto das pessoas que viveram o momento da revolução possibilitando-lhes uma visão comparativa do antes e do depois da instauração da liberdade.
O projeto constitui também uma oportunidade efetiva para que as escolas possam ensaiar formas inovadoras e significativas de envolverem os professores e os alunos na gestão flexível do currículo, alinhado com o conjunto de competências inscritas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, tornando os processos de ensino e de aprendizagem relevantes e enriquecedores, tal como referiu o Presidente do CNE na sua intervenção inicial.
O pintor Jorge Gaspar, autor da pintura que consta no cartaz EDA 50, esteve presente no evento, tendo partilhado a conceção artística que deu origem à imagem do cartaz divulgado pelo CNE.
As Conferências
Os presentes tiveram a oportunidade de assistir a duas conferências proferidas por António Costa Pinto, investigador e professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e pelo escritor e poeta José Fanha que, diferentes abordagens, permitiram recentrar a importância de preservarmos história e memória pois ambas permitem um ganho de compreensão relativamente à mensagem explícita inscrita na celebração do cinquentenário da revolução de Abril e de o comemorar no atual contexto democrático, de direitos, liberdades e garantias, não descurando nem descuidando a procura de legitimação diária dos valores que informam o estado democrático nas comunidades onde nos encontramos.
António Costa Pinto | José Fanha | ||
Intervenção aqui | Intervenção aqui |
As partilhas das escolas
A sessão incluiu um momento para as escolas apresentarem os seus produtos EDA 50, realizados no primeiro ano de concretização do projeto, mostrando o desenvolvimento do trabalho nas suas diversas fases. Juventude Inquieta: Bairro de Alvalade, anos 70 - espaços de sociabilidade, memórias e vivências da Escola e do Bairro na transição para a Democracia é o título que enquadra o produto do Agrupamento de Escolas de Alvalade, concretiza-se numa página web devidamente organizada por tópicos orientadores essenciais: o Bairro; exposição virtual a partir do mapeamento das entrevistas; o Liceu, antes, durante e após o 25 de abril contemplando a agitação estudantil e outros temas relacionados com a cultura juvenil; podcasts das entrevistas feitas; eventos e artigos. Na análise foi tomada em conta a linha temporal que decorre desde a inauguração do Liceu, em 1965 até ao pós-25 de abril, procurando-se as ruturas e continuidades a partir dos testemunhos orais.
O Agrupamento de Escolas São João do Estoril desenvolveu o seu trabalho no âmbito da temática - Resistência e liberdade – percursos de intervenção cívica, antes e após o 25 de Abril, no concelho de Cascais e zonas limítrofes e apresentou excertos do documentário concebido com destaque para os locais do concelho de Cascais que foram palco de momentos de significado histórico: do Forte de Santo António, em São João do Estoril, onde Salazar sofreu o acidente que motivou a sua substituição na Presidência do Conselho, passando pelas casas que abrigaram resistentes fugidos à polícia política (nomeadamente Álvaro Cunhal, após a fuga da prisão de Peniche), uma tipografia clandestina e locais de reunião dos integrantes do Movimento das Forças Armadas, na preparação do 25 de Abril de 1974. O documentário reúne ainda fotografias inéditas de arquivos pessoais, além de fotos e excertos de vídeos alusivos aos momentos referidos pelos entrevistados.
A Escola Secundária da Ramada divulgou o produto que construiu - uma apresentação interativa que possibilita aos espetadores uma viagem virtual pelos principais marcos do 25 de abril de 74 até ao período da nossa história atual 2024. Na apresentação, a coordenadora destacou as potencialidades do projeto EDA 50, Escolas à Descoberta de Abril, que, no seu entender, criou oportunidades para a concretização de um verdadeiro trabalho interdisciplinar, conduzindo os alunos a viverem o currículo e o reescreverem em coautoria com os protagonistas da nossa história (as pessoas que foram entrevistadas). Destacou também aspetos muito relevantes das entrevistas realizadas e da forma como os alunos cuidaram dos processos - elaboração e implementação dos guiões, exploração e sistematização da informação, com empenho e dedicação-, bem como os diálogos mantidos com as suas esferas familiares a propósito das alterações sociais, culturais, económicas e políticas vividas à época e contrastantes com as atuais.
Redescobrir o 25 de Abril
Ana Sérgio (CNE) |
No final do encontro da Região de Lisboa e Vale do Tejo outras escolas foram convidadas a inscreverem-se no projeto e empreenderem novas viagens à Descoberta de Abril. Deste modo, o Conselho Nacional de Educação manifestou o propósito de continuar a envolver anualmente neste trabalho 50 novas escolas, 200 escolas até 2026, de modo a tornar possível a construção de um acervo documental que perpetuará conhecimento e memórias da democracia e da liberdade.